domingo, 29 de novembro de 2009

Lá onde o horizonte não alcança


onde o horizonte não alcança
está.

Silencioso
e calmo como as águas do meu mar
está.

Ardente
como o fogo que me consome
está.

Delirante
na viagem de minhas mãos sobre seu corpo
está.

Refletivo
no sentimento afetivo
está.

Está e fica.

Por Rene Serafim - "Juninho"

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Entre a língua e o gozo

Sua língua agridoce que percorre
o meu corpo
caminha sobre as curvas da luxúria

derrama o veneno sabor
do tesão
sob a forma do pecado

inconformado e atento
sedento pelo encontro
fica minha língua sobre o seu tormento

em noites eternas e quentes
chamas se acendem
invocando o ritual

a fusão dos dois corpos
numa só carne nua
exala o perfume

que por ora
me consome
e me confunde

no delírio do teu gozo.

Por Rene Serafim - "Juninho"

P.S.: Poesia originalmente postada no Ilusionistas do Verbo no último domingo.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Após a cerveja

mijar
só é poético
quando diurético

Por Rene Serafim - "Juninho"

P.S.: Haicai feito enquanto urinava no banheiro da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) no festival MUSGO, recitando para o Diógenes que fazia a mesma coisa ao meu lado.

sábado, 14 de novembro de 2009

A última gota

Caíram lágrimas ácidas
destes olhos
que agora te olham

o homem
que os carregam
fora cortado

a faca
aquela deusa
estava sem corte

atingiu o peito
e sem dó
rasgou todo o verbo

a cicatriz
em alto relevo
revela a profundidade

o pingo
da última gota
acabou de cair

agora
chuva não molha
os meu pés.

Por Rene Serafim - "Juninho"

terça-feira, 10 de novembro de 2009

À menina dos olhos

Um lirismo sincero
é isso que eu quero
duas doses do seu beijo
eu desejo

Na ternura do abraço
me enlaço
No toque doce dos lábios
arrepios

Se sentir está além
das limitações humanas
e das aparências
eu quero fazer parte
dos sentimentos
mais belos
vivos
ardentes como os corpos
quando se encostam
no começo da noite
ou no acordar matinal

O prazer de escrever
tais versos
carregados de uma verdade
vivida silenciosamente
e compartilhada pelo desejo
possui a mesma sensação
do cheirar a grama molhada
das gotas de orvalho

Ainda sim
são poucos versos
para dizer tudo
que se faz necessário

Precisaria de toda a poesia
do mundo
ou
vinte anos de poesias diárias
escritas em cada segundo do tempo
com o olhar da menina

Finalizando este poema sem fim
entrego-te este presente
que na mais súbita vontade
saiu do meu corpo
e agora pertence a ti.

Por Rene Serafim - "Juninho"

P.S.: Parabéns Menina dos olhos. "Todo amor que houver nessa vida", eu diria.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

De volta ao mar

Nesse mar de concreto
concretizo minha fala
minha escrita

sob versos primavera
nasce a flor poesia

poliniza o meu ego
externaliza-me
por completo

ainda nesse mar
sem ver o horizonte
rabisco tijolos

sozinho
escrevo canções
da minha vida

não coloco autoria
porque pode ser sua

no desencontro
descubro-me
me encontro.

Por Rene Serafim - "Juninho"

domingo, 1 de novembro de 2009

Deitado


Submerso em cada palavra
afogado nos verbos
intransitivo(s)
não me locomovo

espero
o vazio
do nada

somente com o cheiro
pungente
da dama-da-noite

a outra
a de branco
aguardo no seu tempo
para que venha
enlaçar-me

de braços abertos
e peito também
sigo esperando
na noite sem fim.

Por Rene Serafim - "Juninho"